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12/04/2012

Fim da era Ricardo Teixeira: De escândalos e erros a um futuro incerto


Doze de março de dois mil e doze. Dia histórico para o futebol, dia comemorativo, mas também um dia que gera muitas indagações e reflexões sobre o futuro. O dia em que Ricardo Teixeira renunciou ao seu cargo de Presidente da CBF, depois de 23 anos no poder, do Comitê Organizador Local para a Copa de 2014 e também do Comitê executivo da FIFA , ou seja, o adeus de Teixeira para com o futebol.

Foi uma vitória da cidadania ou uma saída estratégica buscando escapar das acusações?

O parecer oficial para sua renúncia foi devido a problemas de saúde e à falta de tempo para com sua família. Claro que o motivo verdadeiro não foi esse e também não foi pela pressão social. Muito provavelmente, sua saída se deu pelas inúmeras acusações e investigações sobre enriquecimento ilícito, contratos fechados obscuramente com patrocinadores, evasão de divisas, desvios e lavagem de dinheiro, propinas recebidas na FIFA, o seu isolamento e a falta de “acordos” com o Governo Federal e por ver que não teria chance alguma de conquistar seu maior objetivo pessoal: ser presidente da FIFA após 2014.

Entretanto, Ricardo Teixeira, um verdadeiro charlatão, não sairia do futebol sem antes ter algo na manga. Segundo o jornal Folha de São Paulo, no final de janeiro para o começo de fevereiro de 2012 antes de renunciar, Teixeira abriu uma empresa na Flórida – EUA, onde possui uma de suas inúmeras mansões com o dinheiro que ele usurpou. É assim que será sua vida pós futebol.

Os maiores erros de sua era e o futuro da entidade máxima do futebol brasileiro:

Na sua gestão, a seleção brasileira principal de futebol ganhou dois títulos mundiais (1994 e 2002), três Copas das Confederações (1997, 2005 e 2009) e 5 Copas Américas (1989, 1997, 1999, 2004, 2007), fora os títulos das categorias de base. Isto foi bom? Para nós, torcedores sim, mas pensem em outro ponto, a atenção que a CBF deu apenas à seleção brasileira e concomitantemente o enfraquecimento e o esquecimento do futebol dos clubes brasileiros, principalmente em relação a clubes pequenos. Assim, a CBF castigou drasticamente esses times fazendo com que suas temporadas durassem um semestre ou menos.

Podemos citar também a falta de políticas públicas voltadas para o futebol, o “olhar apenas para seu umbigo” - significando dizer, o enfoque nos lucros econômicos apenas para seus governantes – a disputa de poder junto com a FIFA, não desenvolvimento financeiro e organizacional de todos os clubes brasileiros e a não criação de uma Liga de Futebol na qual manteria jogadores de alto nível técnico ou possibilitaria trazer esses jogadores – uma comparação com NBA.

É claro que não acontecerá uma revolução ou uma mudança muito drástica recentemente, pois as influências e os homens de confiança de Teixeira continuam manchando nosso futebol e denegrindo ainda mais a imagem da CBF. Eleições diretas só depois da Copa de 2014, o que nos poderiam dar más notícias, caso Andres Sanchez ocupe o cargo, ou um pouco de esperança, caso outra pessoa surja e limpe a CBF dos "Podres" que a governam e faça o que realmente uma Confederação de futebol deve fazer.

Mas o que deixa o futuro ser incerto é: quem assumiria a responsabilidade? Quem daria a cara a tapas? E o pior, em quem nós confiamos para pegar o posto? Claro que nomes não faltam – Ronaldo, Romário, Leonardo ou Tostão, mas será que esses estão capacitados para tal finalidade? Se estão, será que conseguiriam propor seus planos de governo e aplicar suas estratégias num mundo tanto quanto corrupto e influenciador igual ao futebol?

Porém uma coisa já é certa, sua saída já foi um alívio imenso e espero que o Capeta o acompanhe até o inferno. Não volte nunca Ricardo Teixeira!!!



Escrito em 12/04/2012

por Tiago Guioti