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16/01/2013

Copa SP de Futebol Júnior: A destruidora de sonhos


Faço de minhas palavras as palavras de Charles Barckley (astro da NBA na década de 90) no prefácio do livro “Basquete Blues: Talento e Triunfo nos guetos de Chicago” do autor Ben Joravsky, em que para cada astro do basquete norte americano, que alcança o seu sonho de jogar na NBA, inúmeros jogadores deixam de ir atrás de seus sonhos, totalmente iludidos pelo brilho e a fortuna que o esporte de alto rendimento oferece.


Assim como no basquete, não é diferente com o futebol, pois ao invés de cinco jogadores titulares, são onze e o buraco é mais embaixo.


A Copa SP de futebol júnior é um dos exemplos desta ilusão e é chamada de vitrine dos novos talentos do futebol brasileiro. Será mesmo?


Analisemos da seguinte forma:


Nesta edição há 100 times de todo o país. Suponhamos que em cada elenco desses 100 times, haja 22 jogadores. Portanto, só nesta edição, há em média 2200 jogadores até 20 anos de idade.


Se destes 2200 jogadores de futebol, 10% deles, ou seja, 220 jogadores alcançarem o futebol profissional seria um número exorbitante.


Os atletas que jogam a Copinha e depois se tornam profissionais, já são cartas marcadas antes mesmo da competição.


Competição essa, que democratiza o futebol por envolver times de todos os Estados brasileiros? É justo um time do norte e do nordeste, viajar três ou quatro dias de ônibus para chegar numa cidade do Estado de São Paulo e perder por cinco, seis ou sete a zero, os três jogos que disputa? Os jogadores deste time irão chamar atenção de alguém ou é o seu último contato com o futebol de desempenho?


A grande maioria desses jogadores chega à Copinha com esperanças e ao voltar para casa se tornam estatísticas.


A Copa SP de futebol júnior deveria mudar de vitrine do futebol para vendedora e destruidora de sonhos.


Sugestão de vídeo - Manifesto (Universidade do Futebol): http://www.youtube.com/watch?v=-4cH3IU2gss


Escrito por Tiago Guioti
16/01/2013