Faz tempo que me deparo com esse
tipo de movimento/manifesto/saudosismo na mídia esportiva e nas redes sociais
sobre o futebol moderno. O futebol, até então proclamado dessa forma por
aqueles que detestam os novos desdobramentos esportivos, causa remorso e
úlceras para aqueles que viveram duas épocas distintas: A era moderna e a era
contemporânea.
E é sobre as duas eras da
humanidade que o texto retrata e divaga a respeito da terminologia usada para
saudar uma forma de como o futebol foi tratado e relinchar para a forma de como
ele é tratado.
Segundos os dicionários, “moderno”
significa recente, atual, e tempo presente. Já “contemporâneo” significa o que
existiu ou viveu na mesma época. De fato são conceitos, adjetivos semelhantes
porém, nada disso se vale quando se pauta da história do esporte, da história
do futebol.
A era moderna para o esporte,
significa um período de institucionalização dos mesmos, ao passo que foram
criadas regras e preceitos universais das mais variadas práticas esportivas
para serem praticadas nos mais diversos cantos do mundo. Foi um período de
estabelecimento dos esportes, principalmente por conta das competições
internacionais como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos e mais precisamente,
foi uma construção social representando os modos de ser e agir de um mundo
industrial e capitalista (século XIX e XX).
E se considerarmos o conceito de
esporte como prática social que é contextualizada de acordo com a sociedade a
qual se insere (Elias e Dunning, 1992), ele é suscetível as mudanças ocorridas
nas dinâmicas econômicas, políticas e socioculturais que governam o mundo.
Deste modo, as implicações e
direcionamentos estruturais e sociais, que vieram da Globalização, aumentaram o
significado do esporte na era contemporânea (final do século XX e advento do
século XXI). É nesta era que o esporte passa a ser visto como apenas
mercadoria, denominando-se esporte-espetáculo por alguns sociólogos do esporte.
Assim, com o desdobramento em esporte moderno para esporte-espetáculo, temos a
mudança de como o mesmo é tratado, pois hoje se mantém seu significado social
porém, seus fins são mais privilegiados pela visão monetária, por uma visão
neoliberalista de mercado.
Portanto, ao iniciar o debate
entre como era bom os costumes dentro e ou fora do campo de futebol em épocas
passadas, que hoje não se encaixam nos novos modos de vida estrutural e social,
é importante se ater sob o que vivemos é o esporte
contemporâneo/esporte-espetáculo/futebol contemporâneo e não o esporte moderno
ou o futebol moderno. Ou seja, a reivindicação “ódio eterno ao futebol moderno”,
em seu contexto histórico, não faz sentido já que o injustiçado futebol moderno
é a mesma prática, a mesma tradição saudada por aqueles doutrinadores da moda
antiga.