Apesar do fanatismo em acompanhar
e estudar os esportes, gostar das mais diversificadas modalidades esportivas
que as edições olímpicas nos oferecem e ter uma forma de entretenimento
televisivo, fugindo das inúmeras notícias ruins e tragédias dos meios de
comunicação brasileiros (não é uma questão de fugir da realidade, mas sim, ter
um escapismo), há outros motivos pelos quais se torna atrativo uma edição de
Jogos Olímpicos de inverno num país com um calor tão intenso como o Brasil.
Repetidas vezes escrevo e
argumento que o esporte é uma manifestação cultural, um processo civilizatório
e por algumas vezes um instrumento de intervenção sócio-político no mundo. Por
causa disso, é passível, por meio da forma como são praticados determinados
esportes, entender ou ter uma mínima ideia de como são os modos de vidas de
países que enfrentam invernos rigorosos. Sim, é possível desde que se busque
como foram inventados, as circunstâncias e o contexto histórico de esportes
praticados na neve, como por exemplo, o porquê de tantas modalidades que usam
patins, esquis, práticas combinadas com esquis e tiros ao alvo e protótipos que
são utilizados para o transporte como o bobsleigh, luge e skeleton.
A resposta, e aqui digo que é algo bem hipotético de minha parte, pode pegar o
caminho dos argumentos de como eram feitas as caças, os meios de transportes e principalmente
a forma de sobrevivências em situações de frio intenso.
Outro motivo para ficar atento
aos Jogos Olímpicos de inverno é o principal pilar da criação do Comitê
Olímpico Internacional, dos Jogos Olímpicos e do Movimento Olímpico ainda no
século XIX: a paz. E é claro que o assunto aqui é a Coréia do Norte. Deixando a
política e ideologia a parte, criar uma delegação das Coreias (unindo os dois
países ainda em guerra desde 1950, porém vivendo um armistício desde 1953) foi
de suma importância para que a resolução do conflito de uma possível guerra
nuclear seja iniciada por uma forma de diálogo e não pelo embate militar. Desta
forma, a utilização do esporte e de um evento olímpico como uma intervenção
sócio-política para uma questão tão delicada e ainda como será o desempenho da
delegação das duas Coreias são uma das grandes molas propulsoras para marcar
essa edição olímpica na história. Vale ressaltar que nos Jogos Olímpicos de
Verão em 2000, Coréia do Norte e do Sul desfilaram juntas na cerimônia de
abertura embora competiram com suas próprias bandeiras nacionais.
Outros principais motivos são: 1)
poder ver atletas brasileiros por uma questão ufanista (é claro). Aliás, a
participação do Brasil nos Jogos de inverno se deve a uma questão de
abrangência de modalidades esportivas na neve, questões comerciais e uma
política de integração do Comitê Olímpico Internacional. 2) A delegação dos
Atletas Olímpicos Russos (OAR) e sua participação, aceitação e desdobramentos
futuros sobre doping e a forma de punir (se apenas atletas ou também comitês,
federações, treinadores e etc. devem ser colocados nesse bojo). 3) Poder
acompanhar uma edição de Jogos Olímpicos no qual os EUA não dominam de forma
estonteante o quadro de medalhas. A título de conhecimento, a Noruega detém o
maior número de medalhas conquistadas nos Jogos de inverno.
Portanto, para quem gosta de
esporte será um deleite. Para aqueles que curtem uma atmosfera exterior
pulsando o ambiente esportivo será um prato cheio mesmo que os esportes
praticados não sejam da nossa realidade.
Excelente texto.
ResponderExcluirA história e o esporte sempre caminharam juntos. Obrigada por suas palavras e por seu conhecimento. Ah e claro pelo estímulo ao conhecimento esportivo.