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26/10/2018

A caixa de pandora do 7x1

Era só mais um dia feliz na casa da minha mãe a data de 08 de julho. Data do aniversário do meu irmão mais velho. Porém, há quatro anos, essa data também está marcada por aquele jogo que dói na minha mente só de lembrar. Sete, foram sete gols sendo cinco em menos de vinte minutos. Algo que nos tirou a esperança ou alegria como um golpe violento e rápido. 

E por falar em golpe, não é nada esdrúxulo pensar que a derrota mais humilhante da seleção brasileira tenha dado início às várias sequências de derrotas políticas, econômicas e sociais que a população brasileira, seja ela a mais pobre, vem sofrendo de lá para cá. Não afirmo que foi por causa do 7x1 que a crise política e financeira do Brasil adveio ou também pela realização da Copa (caso que aconteceu na Grécia e os Jogos Olímpicos de 2004). Afirmo que o 7x1 foi o prenúncio do que estava por vir, do obscurantismo do futuro do país e das mais variadas barbáries que um dia a história irá se vingar (pelo menos eu espero).

Fiquei pensando se a caixa de pandora foi aberta ou a corrida brasileira para o abismo do fascismo veio com as manifestações de julho de 2013. Creio que não, pois eram eventos bem difusos enquanto a sua posição política (direita ou esquerda e que mais tarde veio confirmar que era de extrema direita). É mais claro pensar que o 7x1 foi a derrocada de tudo isso por se tratar de um ano eleitoral e por estar inserida em ocorrências políticas e casos de corrupção que explodiram inclusive no mundo do futebol (O Fifagate). 


Esse tipo de derrota, ainda mais em Copas do Mundo, gera consequências, mudanças e também muita descrença em quem gere e comanda as instituições, da mesma forma que casos que corrupções geram inconformidades (as vezes cegas para não dizer manipuladas) da sociedade. O que se viu no Brasil depois do 7x1 foi golpe atrás de golpe, golpe dentro do golpe, auto golpe seguido de golpe, duplo golpe e golpe twist carpado. Fatos, ações, condenações, não condenações, delações, não delações, manipulações, reformas que usurpam do povo a vontade viver, trabalhar e principalmente crer. 

Tudo isso, sem tirar nem por, serve como terreno fértil para a ascensão de heróis que surfam nas ondas de intolerância e se aproveitam do vazio de um exemplo de moralidade para uma sociedade e o indicativo de vilões da história (muitos sendo apontados e condenados por meios de comunicação que fazem parte de todo matilha empurrando o Brasil para o fascismo). Não precisei colocar exemplos de líderes políticos porque acho que ficou claro.

Por fim, parece que o 7x1 só veio nos calejar para o que veio e ainda o que pode vir. Não me espantaria ver que quem comemora o 7x1 ou acha que isso foi bom votou ou vota para o fascismo e o fim da democracia. Quem não sabe o significado de uma derrota dessa dentro do Esporte e para aqueles que são apaixonados por isso, talvez são os que destilam ódios cegamente ao ponto de colocar, possivelmente, na vala da morte ou da tortura pessoas que fazem parte de seu círculo familiar ou social.

Será que é uma coincidência enorme e histórica ver que os mesmos dígitos do placar do Mineirão naquele 08 de julho são os mesmos dígitos eleitorais do fascismo?

O esporte tem suas histórias com guerras, ideologias políticas, resistências populares, mas será a primeira vez que verei que uma derrota de futebol, na Copa do Mundo, pode dar, simbolicamente, o fim de uma democracia.