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24/04/2019

Liga de Basquete Feminino: Sesi Araraquara x São Bernardo

Venho sempre dizendo e vou continuar falando sobre como me encanta a forma de jogar dos esportes femininos. No basquete não é diferente. A forma como os times rodam a bola, procuram os espaços, fazem o jogo de garrafão, utilizam das bolas de dois e três pontos sem tentar cavar as faltas fazem toda a diferença em relação ao basquete masculino, que nos dias atuais, os arremessos de três pontos quase viraram obrigação (veja o exemplo do small ball do Golden State).

Sesi Araraquara e São Bernardo jogaram no sábado de aleluia. Aleluia mesmo pois, depois de ter assistido um jogo de futebol entre Matonense x São Carlense, esse jogo salvou meu sábado de trabalho. No primeiro tempo do jogo, os dois times eram equilibrados: no primeiro quarto o domínio foi do Sesi Araraquara e no segundo quarto o São Bernardo igualou. Duas defesas fortes e consequentemente as tentativas de arremessos forçados fizeram os times ir para o intervalo com 33 x 32 para o Sesi.



No segundo tempo, o desempenho melhor do Sesi apareceu. Com um jogo de transição, ataque forte e muitos turnovers do São Bernardo fizeram com que o time de Araraquara disparasse logo no terceiro quarto (53x45). No último quarto, a vantagem foi maior. Realizando troca rápida de bolas, mantendo a defesa forte e se utilizando de bolas de três, o Sesi Araraquara garantiu a vitória tendo um aproveitamento na LBF de 4 vitórias em 6 jogos. Já o São Bernardo, possui apenas duas vitórias em 7 jogos. 

Melhores da partida: Pelo Sesi Araraquara destaco duas jogadoras: Débora (armadora) com 17 pontos, 9 rebotes e 6 assistências (MVP do jogo) e Aline anotando um duplo-duplo com 17 pontos e 10 rebotes. Pelo lado do São Bernardo tivemos a Larissa com 21 pontos (cestinha do jogo) e tendo 81% de aproveitamento.

Placar final: 77x56.


23/04/2019

Campeonato Brasileiro Feminino A1: Ferroviária x Santos

Guerreiras x Sereias. O nome do clássico. Clássico sim e muito clássico do futebol feminino que é o reduto do futebol bem jogado no Brasil. O melhor de tudo isso: dois confrontos entre duas TREINADORAS no banco de reservas. A Tatiele Silveira e a Emily Lima. Foi na sexta-feira de páscoa e contando com a presença de pessoas não muito agradáveis na arquibancada deferindo "elogios" negativos para a treinadora da Ferroviária.

A Ferroviária jogou na formação de 4-4-2 sem a bola e num 4-2-3-1 com a bola (a princípio era para ser um 4-3-3 porém, este blogueiro só conseguiu visualizar o 4-2-3-1). Seu estilo de jogo era o jogo horizontal e de manutenção da posse de bola:














Já o Santos jogava no 4-1-4-1 sem a bola e num 4-3-3 coma bola, tendo um jogo mais vertical que a Ferroviárias e mais de progressão, utilizando muito o jogo de pivô da atacante Glaucia:














No primeiro tempo, o jogo era movimentado (no sentido de criação de finalizações e de muita mobilidade de ambos os times) e intenso. Os dois times marcavam a saída de bola e depois usavam uma marcação em zona pressionando os receptores da bola e não quem portava a bola. O gol dos Santos foi ao 13 minutos de jogo após a troca de passe no um-dois, passe na profundidade em direção a linha de fundo, toque para trás e gol. Santos era mais vertical com troca de passes rápidos para fornecer confrontos de 1 contra 1. A Ferroviária, depois do gol, passa a jogar com virada de jogo e bolas longas para as pontas tentando os contra ataques e gerando finalizações apenas fora da área. No final do primeiro tempo, a Ferroviária melhora sua marcação e faz o time do Santos recuar tentando buscar espaços que eram minimamente cedidos e por isso a grande quantidade de jogadas em profundidade. 

No segundo tempo, os dois times voltam com as mesmas propostas de jogo continuando com a marcação pressão que gerava desarmes ofensivos e assim, perigos de gol para ambos os times. O Santos recua mais, mantendo sua defesa forte, fecha os espaços (principalmente o lado esquerdo da Ferroviária). Isso dificultou bastante o jogo da Ferroviária que se sentia travada e não conseguia chegar ao gol.

Resultado Final: 1x0 Santos

Melhor da Partida: Glaucia (25) do Santos: jogadora muito técnica, segurava no pivô e tem qualidade para quebrar a marcação e para fazer dibres. 






13/04/2019

Campeonato Brasileiro Feminino A1: Ferroviária x Foz Cataratas

Primeira partida de futebol feminino assistida por mim nesse ano. E que ano para o futebol feminino: aumento no número de times, Copa do mundo feminina na Tv aberta, muito mais análises dos contextos sociais de quem trabalha e análises táticas de jogos. Pena que o público ainda não é tão marcante mesmo tendo entrada franca. 

Como falo sobre os esportes femininos, a visualização das ideias, estratégias e táticas dos jogos são melhores e mais bem executadas do que os esportes masculinos. E para quem curte tal tipo de jogo (jogado disputado e intenso independentemente da velocidade ou da força empregada) como eu, é o melhor deleite possível para o sonho de um futebol bem jogado no Brasil.

Ferroviária e Foz Cataratas jogaram pela quarta rodada do Brasileiro A1. Os dois times precisavam demais da vitória e jogaram dessa forma:
- A Ferroviária tinha um estilo de jogo estabelecido no 4-4-2 aberto com a bola, utilizando bastante a posse de bola e a troca de passes em busca de espaços. Sem a bola, também era um 4-4-2 porém com duas linhas de quatro definidas.



- O Foz Cataratas jogou numa formação de 4-1-4-1 sem a bola compactado, flutuando muito bem suas linhas e esperando o jogo atrás da linha do meio campo. Com a bola, vieram num 4-3-3 triângulo, usando o contra ataque como sua melhor arma. 













O primeiro tempo foi bem intenso e ações que geravam reações do time adversário e vice e versa. Ferroviária tendo muita posse de bola, postado no meio de campo para frente, propondo o jogo, criando jogadas pelos lados do campo para gerar amplitude e espaços nas boas linhas de defesa do Foz, rodava a bola pelo meio de campo, passes na diagonal e em profundidade e tudo isso gerando finalizações (ou seja, possuindo todo repertório de ações ofensivas de um time que joga com a posse de bola deve ter. Já o Foz, jogava seu 4-1-4-1 numa faixa de no máximo 25 ou 30 metros, flutuava muito bem suas jogadoras por onde a bola percorria sem desfazer do seu esquema de jogo e no ataque usava a transição para contra ataques rápidos. E num desses contra ataques, aos 19 minutos, mesmo estando todo esse tempo na defesa, o Foz teve um pênalti defendido pela goleira Luciana da Ferroviária. Depois do pênalti, todo o resto do primeiro tempo se deu assim: Ferroviária atacando e o Foz Cataratas se defendendo. Não houve, e eu digo novamente: NÃO HOUVE nenhum jogo da série A2 e A3 do Paulista masculino (assistidos por mim) em que os times se comportavam tão bem e executavam tão bem as ações do jogo como a Ferroviária e o Foz. 

No segundo tempo, com toda a intensidade vista no primeiro tempo, era de praxe que o jogo fosse cair. O Foz volta com uma alteração no ataque porém com a mesma formação e idem com a Ferroviária. Porém, uma alteração nas ações defensivas do Foz mexeu com o jogo: ao invés de defender atrás da linha de meio campo, o Foz passa a marcar a saída de bola da Ferroviária fazendo pressão alta. Com isso, logo aos 2 minutos saiu o gol do Foz numa saída pressionada e jogada individual da atacante. O empate veio cedo, aos 7 minutos, numa série de rebatidas na área após uma cobrança de escanteio da Ferroviária. Após os gols, os dois times cansam porém, mantém as estratégias de jogo traçadas: A Ferroviária com posse de bola e triangulações pelos lados mas sem conseguir criar finalizações e o Foz voltando para a marcação recuada do meio para trás. Aos 35 minutos do segundo tempo, veio o gol da vitória do time da casa com um pênalti. 

Resultado final: 2x1 Ferroviária

Melhor da partida: Goleira Luciana da Ferroviária: além de defender um pênalti, saia jogando com os pés numa segurança só e uma defesa milagrosa no final do jogo garantindo a vitória. 

Existe futebol bem jogado no Brasil e ele está no futebol feminino. Apreciem e valorizem por favor. 


08/04/2019

Paulista A3: Quartas de finais: Comercial x Desportivo Brasil

Eu tinha esquecido o quanto é mais complicado e tenso trabalhar em jogos de playoffs. A tensão é crítica, não apenas no jogo mas também fora dele: no aparato policial, na emoção da torcida, na animosidade e todos os sentimentos extremos que um ambiente esportivo pode proporcionar. 

Comercial x Desportivo Brasil já se enfrentaram (e eu já escrevi aqui) na primeira fase. Foi empate e de lá para cá houve mudanças. No Comercial, mais uma troca de técnico (a terceira em 3 meses) porém com a mesma forma de jogar desde o começo. Já o Desportivo Brasil mudou sua forma de jogar sem a bola. Com isso o Comercial jogou no 4-2-3-1 com e sem a bola, explorando muitas bolas longas pela velocidades dos seus pontas:


Já o Desportivo Brasil mantinha sua variação tática da primeira fase: com a bola era 3-4-3 e sem a bola era um 4-2-3-1 abdicando do 4-1-4-1. Usava linhas bem compactadas e definidas tirando os espaços do Comercial e usou bem sua variação tática quando perdia ou recuperava a bola: 














No primeiro tempo, por ser a primeira perna das quartas de finais, o jogo era muito faltoso e tenso complicando assim a qualidade do jogo com o Desportivo Brasil fazendo muitas faltas. O Comercial era mais agressivo com a bola, buscava verticalidades pelos lados porém, sem nenhuma organização. Já o Desportivo Brasil jogava compactado e jogando no contra ataque. O repertório de ataque de ambos era apenas bolas altas ou bolas paradas tendo pouca criação e troca de passes longas para chegar às finalizações. Nos últimos 10 minutos do primeiro tempo, o Comercial empurrou a defesa do Desportivo para perto do seu gol, criava e finalizava porém, sem nenhum chute ao alvo. 

No segundo tempo, ambos voltam com as mesmas propostas. Comercial, precisando da vitória para reverter a vantagem do empate do Desportivo, veio mais vertical e com menos posse de bola tentando o contra ataque. Aliás, os dois times buscavam o contra ataque com o Desportivo Brasil tendo mais posse de bola. Na metade do segundo tempo, mesmo com as substituições, a afobação e a preocupação pelo 0x0 começa a afetar o jogo mais do que podia. Muitos erros de passes minavam o jogo do Comercial até que o gol sai aos 80 minutos de jogo. Uma bola mal afastada do goleiro e chute de fora da área do volante Leonay. Após o gol, Comercial recua e só rebate a bola mesmo tendo um jogador a mais até o final do jogo.

Resultado final: Comercial 1x0 Desportivo Brasil.

Melhor da partida: Leonay (Comercial), além do gol, flutuava bem na marcação.

02/04/2019

Liga de Basquete Feminino: Sesi Araraquara x Pró Esporte Sorocaba

Já venho pensando há tempos e também escrevendo sobre como os esportes coletivos femininos se mostram mais interessantes para acompanhar, entender e analisar as dinâmicas do jogo e suas estratégias de desempenho. Não é demagogia o motivo que penso isso, mas sim, pela clareza de movimentos e pelo não uso da força como a maior ferramente para o alto rendimento. 

Além do mais, a crítica da forma com a qual o futebol está sendo jogado no Brasil (com baixa qualidade e pouco "pensar o jogo") também passa para o basquete, talvez, a nível mundial. Não é de hoje que leio críticas em relação a forma de jogar basquete atualmente em que se privilegia criar situações para arremessos de bolas de três do que a criação de infiltrações no garrafão e jogadas para a criação de espaços e, consequentemente, a conversão de bolas de dois pontos mais facilmente (inclusive esse debate é feito na NBA). 



O primeiro jogo assistido da LBF 2019 foi entre Sesi Araraquara x Pró Esporte Sorocaba. Os times não eram pareios, infelizmente. O Sesi Araraquara possui um melhor time tanto que venceu por 84x36. Sobre o jogo, claro que houve muitas tentativas de bolas de três pontos (foram 10 bolas em 27 tentativas para o Sesi Araraquara e 3 bolas em 9 tentativas para o Pró Esporte Sorocaba) porém, a movimentação de ataque e defesa e a variação nas formas de marcações (individual e por zona) de ambos os times eram perfeitamente visualizadas numa forma entendível. 

Nas bolas de dois pontos, o Sesi Araraquara converteu 21 de 38 tentativas (com 34 pontos no garrafão) e o Pró Esporte Sorocaba converteu 11 de 39 tentativas (com 14 pontos no garrafão). 

O destaque foi Aline pelo Sesi Araraquara (duplo-duplo com 14 pontos e 13 rebotes).