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27/10/2020

Paulista A3 - Quartas de final: Comercial x Linense

Todo e qualquer mata mata é cercado de precauções defensivas e de muita cautela com a bola. Mesmo jogando pelo empate por causa da vitória no primeiro jogo por 1x0, o Comercial começou esperando mais o Linense do que tentando algum ataque. Claro que isso era uma estratégia pois o Linense viria com uma intensidade no começo de jogo afim de tirar a vantagem dos mandantes. 

O Comercial veio no seu 4-3-3 sem a bola, flutuando muito a linha de 3 do meio e no 3-4-3 com a bola fazendo a saída de 3 e espetando seus pontas na amplitude. O Linense veio no tradicional 4-2-3-1 sem e com a bola. 

No primeiro tempo, como já havia escrito, a iniciativa era mais do Linense que a do Comercial até pela necessidade de se fazer um gol. O Linense aproveitava a linha alta dos mandantes e sua lenta reposição para tentar ser o mais vertical e rápido possível no contra ataque. As vezes, tenta passes por cima da última linha sem muitos efeitos. O Comercial não tinha pressa e rodava a bola até procurar espaços para jogar. Quem abre o placar é o Linense de pênalti aos 12 minutos do primeiro tempo, colocando emoção no jogo. Com o resultado levando o jogo para os pênaltis, o  Linense recua e tenta segurar o resultado. Porém, fornece mais espaços para o Comercial que cria finalizações e gerando escanteios. E num desses escanteios, sai o gol de empate aos 30 minutos. 

No segundo tempo, a qualidade do Comercial se sobressaiu e o fato de se manter com a posse de bola fizeram o time de Ribeirão dominar o jogo. Assim, o segundo gol do Comercial veio aos 9 minutos de outra bola parada. Após o 2x1 e sabendo que o Linense deveria fazer dois gols para levar aos pênaltis, o Comercial muda sua plataforma defensiva para o 4-4-2 e espera o Linense atacar, porém, sem muito perigos. Com o jogo controlado, o Comercial fez 3x1 num gol contra aos 19 minutos e assim se confirmou na semifinal do Paulista A3. 


26/10/2020

Análise Paulista Quarta Divisão: Francana x XV de Jaú

 Há jogos e jogos dentro do campeonato paulista da quarta divisão. Jogos que superam a expectativa pela apresentação de ideias e outros jogos que representam muito bem o que muitos esperam da quarta divisão: um jogo bem conservador. Francana vs XV de Jaú é um dos grandes clássicos que se vive no interior do Estado. Dois times que jogam com a cor verde e dois times que apresentam ideias tradicionais de futebol.

A Francana jogou no seu tradicional 4-2-3-1 com e sem  a bola utilizando de bolas longas como saída de bola e sua arma favorita é a bola parada. O XV de Jaú também veio no 4-2-3-1 com e sem a bola se utilizando da não posse de bola e tentando ser mais vertical que a Francana. 

No primeiro tempo, ambas as equipes se mostraram abaixo do que se esperava na criação de jogadas. Nenhuma jogada trabalhada dava certo e o que mais acontecia era a tentativa de desarmes no campo defensivo e a ligação para o contra ataque além de muitas bolas longas. O primeiro gol, porém, vem aos 4 minutos de jogo. O XV de Jaú abre o placar exatamente no cenário relatado: uma bola recuperada no campo de defesa, verticalidade e gol de contra ataque. A Francana passa tentar ter a bola, embora inofensiva mas chega ao gol de empate aos 27 minutos a partir de um rebote numa bola parada. Apesar de dois gols, o jogo era o mesmo: posse de bola inofensivas, chances de finalizações era por bola parada ou cruzamentos e os times preocupados mais com a defesa. Aos 41 minutos, o XV de Jaú chega ao 2x1 num gol de escanteio. 

No segundo tempo, ambos vieram no seu 4-2-3-1 e sem mudanças no comportamento do jogo ou em qualquer ideia. Tanto que aos 9 minutos do segundo tempo, a Francana empata em 2x2 em outro gol de escanteio. Após o embate, os embates físicos eram mais presentes. Mesmo com as alterações e a expulsão do lateral do XV na metade do segundo tempo, não fez o jogo mudar nem de perspectiva. A única mudança foi o posicionamento da defesa do XV do 4-2-3-1 para um 4-3-2. Nem com superioridade numérica fez a Francana ir ao ataque de maneira que criasse finalizações perigosa. 

Resultado final: 2x2.  

22/10/2020

Paulista Quarta Divisão: São Carlense x Francana

 A pessoa que comentar que não há conceitos e ideias de jogo em divisões inferiores do futebol no interior do Brasil, provavelmente ela nunca viu ou analisou devidamente tais campeonatos. Já escrevi aqui e repito, não vou discutir o nível e a qualidade do futebol. Irei apenas apresentar as ideias de jogo conforme minha análise. 

Grêmio São Carlense e Francana fizeram um jogo de altíssimo nível com duas ideias opostas de futebol pela segunda rodada da quarta divisão paulista. São Carlense vinha de uma vitória fora de casa e a Francana vinha de uma vitória dentro de casa. Então, o São Carlense veio no seu habitual 4-4-2 sem a bola e 4-2-3-1 com a bola (repetindo a variação tática do primeiro jogo). A Francana veio no clássico e muito desgastado 4-2-3-1 com e sem a bola. Nenhuma crítica em usar o 4-2-3-1 em ambas as fases, a questão aqui é outra: times que fazem a variação tática e treinam outras formas de jogo, vão longe em campeonatos de divisões inferiores. 

Novamente, com ideias opostas de jogo, o São Carlense amassa a Francana no primeiro tempo. Tanto que o melhor jogador era o goleiro do time visitante. o São Carlense empurra a Francana para trás, cria repertórios de finalizações (de fora da área,de cabeça, a queima roupa e etc) e bloqueia todas as ações reativas da Francana que veio num nítido futebol reativo (abdicar da bola e usar a verticalidade para os contra ataques pelos lados). Embora o 0x0 no primeiro tempo, a dominância do time mandante me fez pensar se valeria a pena ter essa proposta de jogo de abdicar da bola e lutar por um gol. 

No segundo tempo, ambas as equipes não mudaram suas formas de jogo. O que mudou foi a intensidade na marcação da Francana e a troca dos jogadores de contra ataques. Deu certo. O jogo fica equilibrado embora a posse de bola seja maior para o São Carlense. Quem abriu o placar foi o time mandante com uma jogada bem trabalhada deixando o atacante em frente ao gol para finalizar aos 72 minutos de jogo. Mesmo assim, o jogo não muda. A Francana passa a jogar a bola na area como se fosse o único recurso. Porém, eu estava enganado. O outro recurso era a bola parada e assim que a Francana empatou aos 83 e virou aos 91 minutos de jogo. O resultado de 2x1, inesperado pelo que foi o jogo, revela que mesmo usando um esquema habitual de jogo e não tanto ousado por ser um futebol reativo, consegue-se os resultados esperados. 

A dúvida é qual é o prazo de validade desse tipo de jogo?

20/10/2020

Análise da Primeira Rodada do Campeonato Paulista Feminino 2020

Não me canso de dizer o quanto aprecio o futebol feminino pelos comportamentos e as aplicações táticas visíveis nas partidas. De fato, o desenvolvimento técnico das atletas está em progresso e para isso, criações de campeonatos femininos para a base e para o profissional são necessários para o progreso. Nesse final de semana, estive presente na abertura e no encerramento da primeira rodada do Paulista Feminino de 2020. 

A primeira partida foi entre Realidade Jovem x Taboão da Serra. Dois times praticamente do mesmo nível. Ambos vieram no 4-3-3 com e sem a bola, tendo o Realidade Jovem com mais posse de bola. O jogo era igual e com muita atenção as estratégias táticas. Poucas finalizações eram criadas e as jogadas pelas laterais era uma constante. Após o zero a zero no primeiro tempo, o time do Taboão da Serra volta com uma atitude diferente apesar de manter sua plataforma de jogo: a de ser intensas e verticais na transição ofensiva. Isso acarretou em mais espaços para o Realidade Jovem que abre o placar aos cinco minutos do segundo tempo com uma finalização cruzada de fora da área. Sem mudar nenhuma plataforma e estratégias de jogo, ambos os times mais intensos (mesmo com o calor) faz o jogo ser mais movimentado e o empate sai aos vinte minutos de pênalti. Com um empate, o cansaço vem mas mesmo assim houve tempo para a vitória das mandantes aos 50 minutos de jogo num cruzamento. 

Na partida que finalizou a rodada foi entre Ferroviária x Palmeiras. Ambos os times jogavam no 4-4-2 sem a bola. A Ferroviária fazia uma saída de 3 com a bola e se comportava no 3-4-3 com muita mobilidade de sua linha de meias. Já o Palmeiras era no 4-2-3-1 clássico. Jogo era intenso desde o começo com muita disputa pela bola logo no início do jogo. A Ferroviária com mais posse de bola, realizava a pressão na bola com maior eficiência do que o Palmeiras. O 1x0 da Ferroviária veio aos 29 minutos do primeiro tempo, numa bela finalização de fora da área no ângulo. Mesmo com o 1x0, a Ferroviária não recua mas toma o gol de empate aos 41 minutos num gol de bola parada e de cabeça. Na volta para o segundo tempo, o jogo se manteve do mesmo nível  e sem mudanças nas plataformas de jogo ou em quaisquer comportamentos táticos. Aos nove minutos de jogo, a Ferroviária faz o 2x1 num gol de cabeça feito a partir de um cruzamento. Após isso, a Ferroviária recua até por conta da tentativa do Palmeiras em tentar ficar com a bola. Porém, sem nenhuma chance boa criada, o jogo termina em 2x1 para a Ferroviaria. 

07/10/2020

Análise Paulista A3; Batatais x Velo Clube e Olímpia x Comercial

Infelizmente, as análises dos dois jogos da rodada dos quais cobri serão curtas por conta do baixo nível de desempenho de ambos os jogos por conta do calor extremo. Há horários de partidas que favoreciam uma maior ocupação dos estádios. Porém, com a pandemia e sem torcida não há justificativas para manter jogos em horários diurnos. Enfim, vamos aos jogos.


Batatais x Velo Clube

 A partida valia muito para a disputa do G8 e por isso a cautela com as ações do jogo. Ambos os times vieram no 4-2-3-1 ambas nas fases ofensivas e defensivas. O calor das três da tarde era tão forte que jogadas mais velozes e mais intensas eram totalmente escassas. As defesas não foram tão exigidas no primeiro tempo, tanto que o 0x1 do Velo  Clube veio de bola parada as 47 minutos do primeiro tempo. No segundo tempo, as mesmas plataformas se mantiveram. O Velo Clube abdicando da bola por conta do resultado e da classificação para o próxima fase. Batatais com posse de bola mas muito inoperante nas finalizações. Mesmo tirando um zagueiro e colocando um atacante (recuando um volante para a zaga) mas mantendo o 4-2-3-1. No final, aos 93, Batatais consegue o empate em jogada vertical pela esquerda e finalização cruzada. 

O Empate manteve ambos no G8 e bem perto da classificação. 


Olímpia x Comercial

Outro jogo com muito calor mesmo sendo as cinco horas da tarde. Mesmo com o desempenho afetado, Olímpia e Comercial fizeram um ótimo jogo de ideias. O Olímpia veio no básico 4-2-3-1 sem e com a bola e o Comercial no seu 4-3-3 ou 3-4-3 com a bola (fazendo saída de três) e num 4-2-3-1 sem a bola tentando espelhar a fase ofensiva do Olímpia para fazer uma marcação por encaixe. Ambos os times realizavam o perde pressiona e num claro confronto de ideias, houve muito embate físico e marcações fortíssimas. O Comercial era mais perigoso nas fases ofensivas e chega ao 0x1 no final do primeiro tempo após uma falha do zagueiro e do goleiro. No segundo tempo, mais tranquilo com o resultado, o Comercial procura mais espaços para jogar e o melhor de tudo, não abdica da bola para manter o resultado. Ambos mantiveram as suas plataformas e suas formas de jogar. O Comercial faz 2x0 numa jogada ensaiada de bola parada aos 79 minutos e faz o 3x0, aos 90, num passe em profundidade. 

Na volta da pandemia, o Comercial surpreende com um futebol muito coeso, forte e competitivo. 

02/10/2020

Campeonato Brasileiro Feminino: Ferroviária x Kinderman

Há momentos em certa altura de um campeonato em que o resultado se faz mais importante do que o desempenho. Falo isso porque está enraizado em nossa cultura do futebol e Ferroviária x Kinderman nos provou que a luta pelo G8 é significativa para a continuidade de tudo o que ambos os times poderão passar. 

A Ferroviária mudou sua plataforma de inicio de jogo. Ela começa agora num 4-2-3-1 com e sem a bola. O Kinderman veio também num 4-2-3-1 sem a bola mas num 4-3-3 triângulo com a bola.

No primeiro tempo, o Kinderman foi melhor. Pressão na saída de bola, desarmes no campo ofensivo, criações, finalizações de dentro e fora da área, jogadas de infiltrações (a maioria das vezes passes pelo alto) nas costas da última linha da Ferroviária. O time da casa mal conseguiu neutralizar todas as ações das visitantes. Porém, após a parada técnica a Ferroviária vem mais intensa na marcação e mais física no combate e passa a utilizar jogadas ofensivas nas amplitudes que as pontas ofereciam ao ataque. Mesmo assim, o primeiro tempo fica em 0x0.

No segundo tempo, ambos os times mantém suas plataformas e suas mesmas estratégias. No entanto, a Ferroviária mais veloz e vertical faz 1x0 logo no primeiro minuto de jogo depois de um cruzamento na segunda trave. Após esse fato, a Ferroviária muda sua plataforma defensiva para o 4-4-2 mantendo o 4-2-3-1 no ataque. Bloqueia bem as ações ofensivas do Kinderman seja pelos lados, seja pelo meio. Não as deixavam finalizar ou criar chances mesmo abdicando da posse de bola. O 2x0 aos 86 minutos de bola parada sacramentou a vitória que foi mais importante para um resultado do que desempenho.

Saber usar o resultado em detrimento do desempenho é uma qualidade. Usar apenas o resultado como forma de trabalho é covardia.

01/10/2020

Campeonato Brasileiro Série D: Ferroviária x Cascavel

Honestamente, há sim uma mudança em curso do pensamento sobre o que o futebol deve ser pensado, treinado, aplicado e jogado no Brasil. Essa mudança ainda é ligeira. Poderia ser melhor e mais evolutiva mas não depreciaremos o que há de novo e as novas formas de se pensar o futebol, digo dentro do campo. Fora dele, continua a mesma coisa. Pessoas inaptas ainda comandam um dos nossos maiores bens públicos. 

O jogo de hoje foi pela quarta divisão do campeonato brasileiro. Um jogo bem tático porém com muitos erros técnicos. A Ferroviária (time da casa) veio com grandes variações nas suas plataformas de jogo: Com a bola um 2-3-4-1 e 2-3-5 (como faz Guardiola e Joaquim Löw) e sem a bola um 4-4-2 quando o Cascavel propõe o jogo ou 4-3-3 quando o Cascavel faz a saída de bola sem chutão. Já o Cascavel, veio para se defender e atuou num 4-2-4 com a bola jogando apenas reativamente e 4-4-2 e 4-5-1 sem a bola.

Primeiro tempo foi agitado, com muitas finalizações de ambos. A Ferroviária com muita posse de bola e apertando o Cascavel para sua defesa com ultrapassagens, construções pelo meio, amplitude dos laterais que no esquema do 2-3-5 viram pontas e na tentativa de furar as linhas. O Cascavel, apenas reativo, se compactava na defesa e ao ter a bola, buscava no seu número 10 a inversão para o número 7 ou 9 puxarem na velocidade os contra ataques. Mesmo com tudo isso, apenas um 0x0 no primeiro tempo.

No segundo tempo, as estratégias não mudam. Pelo contrário, elas se intensificam quando o Cascavel abdica totalmente de atacar e tenta segurar o empate e a Ferroviária com mais posse de bola do que nunca. Manter as estratégias privilegiou o time visitante, embora a Ferroviária tenha apenas se defendido no 4-3-3 para pressionar a saída de bola. Nada feito. Nem mesmos as amplitudes, circular a bola no meio, posicionar meias entre as linhas de defesa e etc. Com 20 escanteios na conta, apenas o 0x0 foi visto. 

Foi uma pena. Difícil ver um jogo de quarta divisão em que os times possuem tantas variações táticas e o placar se manter o mesmo quando começou. Isso se deu porque a mudança que ainda não nos ocorreu dentro do futebol é o de não se contentar com o empate fora de casa.