Páginas

29/05/2022

Partidas da Quarta Divisão Paulista e da Série C do Brasileiro

Três partidas em menos de 24h inviabilizaram a escrita de um texto para cada partida para ficar melhor na análise. Embora elas tenham tido suas peculiaridades, a mesma situação se deu nas três: um time dominante e outro recuado e não necessariamente o dominante foi o mandante. 

Das três partidas, duas foram pela quarta divisão paulista: América x Inter de Bebedouro e Batatais x São Carlense. E uma da Série C do Brasileiro: Botafogo x Mirassol. 

A primeira partida foi realizada no gigante silencioso do Teixeirão no sábado. Para um público de 89 pagantes, o clássico entre América x Inter de Bebedouro foi uma ampla vantagem dos visitantes num jogo de puro suco de futebol brasileiro (brigas, condições ruins de jogo e de trabalho). O América veio no clássico 4-2-3-1 com e sem a bola e não pude observar uma estratégia específica a não ser bolas longas, rebatidas e cruzamentos. A Inter veio no 4-2-3-1 com a bola e no 4-4-2 sem a bola, sendo que a primeira linha de 4 não era bem perceptível e me fez crer que também era um 4-2-3-1. O 0x2 da partida refletiu uma dominância o tempo todo dos visitantes, isto é, controle das ações defensivas (sofrendo poucas finalizações) e criando muitas oportunidades a frente, sendo que teve inúmeras finalizações e um número de escanteios maior que 10. 

A segunda partida, no domingo de manhã, também foi da quarta divisão paulista  num jogo de ampla e irrestrita dominância dos visitantes. Batatais e Grêmio São Carlense fizeram um duelo antagônico. Um time desorganizado taticamente e outro totalmente consciente de suas ações e comportamentos. O Batatais veio no 4-2-3-1 com e sem a bola já o São Carlense veio numa proposta de jogo do 4-3-3: usou-se essa formação com a bola ora fazendo uma saída de 3 com dois zagueiros e um volante e ora fazendo uma saída sustentada em que o primeiro volante flutuava por onde a bola passava. Sem a bola veio no 4-4-2 fechando bem os espaços. Apesar do pênalti perdido nos primeiros minutos de jogo pelo Batatais, a partida foi amplamente dominada pelos visitantes sem dó nem piedade. Um sonoro 0x5 com certa facilidade e podendo ser mais. 

A partida mais equilibrada foi a da Série C do Nacional até por se tratar de dois times que vem se enfrentando há tempos: Botafogo x Mirassol. Estreando o novo técnico (Paulo Baier), o Botafogo abdicou da sua linha de 5 com o ex técnico para um 4-3-3 (usando uma saída de 3 com um volante) com a bola e um 4-2-3-1 sem ela. Já o Mirassol veio no seu habitual 4-1-4-1 com e sem a bola porém com suas linhas bem baixas. Com um gol cedo (aos 10 min) o Mirassol recua e joga na transição em todo o primeiro tempo. Para o intervalo, uma mudança na formação do Botafogo foi vista: 2-3-5 com a bola porém mantendo a plataforma de jogo do 4-3-3 para tentar criar buracos na defesa do Mirassol. Não deu muito certo essa ideia mas que houve uma pressão ofensiva houve e a consequência foi a virada para 2x1. Depois disso, o Botafogo quis segurar o resultado e foi para um 4-4-2 sem a bola. Deu certo mas num ato de azar e numa finalização fora da área aos 93 minutos de jogo empatou para o Mirassol. 

Um final de semana bem intenso de jogos. 

24/05/2022

Brasileiro Série C: Mirassol x Altos PI

Manhã de domingo ensolarada com um clima frio agradável em Mirassol para o time do interior paulista tentar manter a liderança no nacional enquanto o Alto queria sair da zona de rebaixamento. Não tinha uma certa expectativa do que esperar do jogo tendo em mente que apesar de disputas distintas no mesmo campeonato, a partida seria equilibrada. 

O Mirassol veio no seu habitual 4-1-4-1 com e sem a bola, tendo seu primeiro volante (o jogador entre as duas linhas de quatro) flutuando bastante de acordo com a posição da bola e sendo o responsável pelo primeiro bote na marcação. Já o Altos veio no seu 4-2-3-1 com e sem bola, tentando jogada mais pelos lados e bolas pelo alto atrás da última linha de defesa do Mirassol sabendo que eles jogam marcando uma pressão média.

O primeiro tempo foi bem frio e calculista. Pouco poderia se dizer além de muito estudos entre as duas equipes e a tentativas de anulação de ambos os comportamentos ofensivos. Apesar de muitas reclamações da torcida, parecia ser o mais correto para o Mirassol em manter a posse de bola já que a partida se apresentava como um clássico ataque-defesa. 

No segundo tempo, ambos os times mantiveram seus comportamentos táticos. O que mudou foi a alterações de duas peças do Mirassol, dois meias atacantes entraram e mudaram os comportamentos ofensivos do time: usando o ponta esquerda do primeiro tempo como um nove ou falso nove, o Mirassol deu mais agilidade ao seu ataque, amplitude e profundidade também. Seu volume era bom mas o primeiro gol veio após uma falha do goleiro do Altos. Logo em seguida o 2x0 com outro gol de cabeça e a princípio o jogo tinha terminado até o Altos diminuir faltando 8 minutos para acabar. 

Porém, nada mais foi feito até o apito final. Mirassol manteve a liderança. 

Final Paulista A3 2022: Comercial x Noroeste

Uma partida final de campeonato é sempre cercada de emoção, tensão e um sentimento de estar vivendo uma história. A terceira divisão paulista desse ano foi cercada de muita frustração para mim. Não pude cobrir o campeonato que mais aprecio no ano com exceção de sua segunda fase em diante. Assim, pouco conhecimento foi conseguido ao longo dela e todas as impressões e nuances teve que ser adquiridas nos seus momentos finais. 

O primeiro jogo da final foi 2x1 para o Noroeste. Assim, o Comercial, por ter melhor campanha, precisava de uma vitória simples apenas e o Noroeste apenas de um empate. Um estádio lotado com o número oficial de 8 mil pessoas mas com a impressão de ter 12 mil num dia frio em Ribeirão. 

O Comercial veio como sempre: 4-4-2 sem a bola e no 4-3-3 com ela. Sendo a primeira vez observando o Noroeste, porém sabendo do histórico do seu técnico, pude esperar um esquema mais clássico e assim foi: 4-2-3-1 com e sem a bola. 

De fato, tendo que ter o resultado, o Comercial começou o primeiro tempo na intensidade dos ataques porém sem a posse de bola. Tentava ser um time mais letal e vertical do que horizontal principalmente jogando na transição. Deu certo, o 2x0 veio rápido no primeiro tempo depois duas interceptações de passe e duas transições velozes. Porém, logo após o segundo gol do Comercial, o Noroeste diminui com um gol de escanteio já que raramente chegava ao ataque. 

Não gosto muito de um clima de festa antes de um jogo pois pode dar muito azar ou furar uma expectativa muito grande. De fato o Comercial era melhor e teve a melhor campanha mas ainda assim, era uma final de campeonato. 

No segundo tempo, ambos os times voltaram da mesma forma só que com o time mandante mais recuado para garantir o título. Nada mais acontecendo até a expulsão do zagueiro do Comercial que entrou no segundo tempo para trancar o time. Assim, jogando no 4-4-1, o time mandante fazia de tudo para só rebater e tentar abocanhar um contra ataque. Já o Noroeste tenta atacar mas sem muito perigo. Eis que a outra coisa que menos gosto num jogo aconteceu: os gritos de já é campeão antes do jogo terminar. 

Aos 93 minutos, o Noroeste empata num bate e rebate dentro da área. Título para eles a menos de um minuto. A consequência disso? Tentativas de agressões à arbitragem por parte da comissão técnica do Comercial e alguns gandulas. Jogo encerrado devido a alta confusão, frustração gigante para um estádio lotado e sentimento triste. 

Esse tipo de derrota tem que ser normal. O que não pode ser normalizado foi a atitude pós gol de empate. 

03/05/2022

Brasileiro Série C 2022: Botafogo SP x Floresta CE

Um pensamento na partida de ontem que eu tive foi a seguinte: de fato, devemos falar mais sobre futebol jogado, o futebol dentro de campo. Falar mais sobre os comportamentos táticos, as ações, as estratégias que deram certo ou errado. É um movimento de mão dupla porque deve vir de quem trabalha com o futebol lá dentro (jogadores, comissão e treinadores) e quem trabalha de fora (a imprensa e não importa o meio de veiculação). Porque desse pensamento: popularizar tal debate para gerar melhores reflexões e mais aceitações em caso de derrota e assim, menos consequências irracionais durante o processo. 

Todo esse pensamento adveio muito por conta do duelo da noite dessa segunda feira entre Botafogo x Floresta pela série C do Brasileiro. Duelo pelo topo da tabela que me gerava certa expectativa. De fato, a mudança de regulamento da série C elevou o nível de jogo da competição. O intercâmbio nacional gerou mudanças nos comportamentos de jogo de todas as equipes. 

O Botafogo veio na sua base já definida: um 3-5-2 com a bola (usando laterais como alas para dar superioridade numérica pelos lados) e um 5-2-3 com a bola (a última linha em zona). O Floresta veio no 4-2-3-1 com a bola (bem clássico e com um jogo apoiado) e no 4-4-2 (bem compacto e fechando todos os espaços de infiltrações e inversões de jogo). 

O primeiro tempo me gerou uma expectativa de uma partida de ataque contra defesa, ou seja, mandante atacando e o visitante defendendo (jogo característico de divisões inferiores). Porém, me esqueço de que a competitividade da série C e a atuação do Floresta no primeiro tempo foi impecável. Fez pressão na saída de 3 do Botafogo, fechava as duas linhas de quatro bem compactas protegendo contra infiltrações, jogo entre as linhas e inversões de jogo do mandante. Com sua pressão na bola, tentava desarmes no seu campo ofensivo e pegar a defesa do Botafogo em inferioridade numérica. Seu gol foi aos 39 minutos numa triangulação e finalização dentro da pequena área. Aliás, o Floresta com seu jogo apoiado, sempre tinha algumas opções de passe para o portador da bola dando fluidez ao seu jogo. O Botafogo teve suas ações bem pressionadas e controladas pelo time cearense. 

No segundo tempo, O Botafogo muda radicalmente sua forma de jogar: tira um zagueiro, abdica de sua linha de 5 e sua saída de 3 e passa a jogar no 4-4-2 losango com a bola e no 4-3-3 com a bola. A justificativa dada pelo técnico foi de que eles arriscaram a se expor na defesa para criar uma superioridade numérica no meio campo, sempre tentando fazer um duelo de quatro contra dois volantes do Floresta e posicionar dois atacantes para aproveitar as jogadas de lado. Contudo, eles não contaram com a aplicação defensiva do Floresta com suas duas linhas de 4 mais recuadas e sem a marcação pressão. Criando situações de superioridades numéricas nos lados do campo, a defesa do Floresta se sobressaiu e conseguiu manter sua meta limpa apesar de uma bola na trave do Botafogo. 

O resultado foi ruim para o Botafogo embora as possibilidades de variação de jogo são totalmente positivas para o futuro da equipe. Resultado excelente para o Floresta que se mantém no topo.  

02/05/2022

Paulista A3 Semifinais: Votuporanguense x Comercial - Jogo 1

Há uma coisa muito legal de quem cobre jogos pelo interior de São Paulo: a presença de duas torcidas. Se tem uma coisa que fornece alma ao jogo é o duelo entre torcida mandante versus a torcida visitante. Embora as viagens podem ser longas, para a paixão não existe quilômetros. Foi assim a primeira perna do acesso entre Votuporanguense x Comercial. Estádio lotado, expectativas, foguetórios (embora me dão medo) e um belo jogo. Registro aqui minha crítica ao horário do jogo: 10 horas da manhã no interior de São Paulo é um calor de estourar os tímpanos. 

A quarta partida entre esses dois times na temporada requiriu maior cuidados defensivos. O Votuporanguense abdicou do seu 3-5-2 com a bola nos jogos anteriores para jogar no 4-2-3-1 não dando espaços quando perdia a bola para a transição comercialina mas manteve seu 4-1-4-1 sem bola com linhas baixas e seu volante entre linhas flutuando bastante de acordo da localização da bola. O Comercial veio como esperado: no 4-3-3 com a bola e no 4-4-2 sem ela. Porém, mais resguardado, afinal dois empates garante o acesso ao time de Ribeirão Preto. 

A minha expectativa era de um jogo tenso e parado. A arbitragem de série A de Brasileiro deu fluidez ao jogo. Lealdade e competitividade foram as palavras. Sem jogadas violentas mas jogadas mais físicas do que técnicas. No primeiro tempo, o jogo mais defensivo de ambas as partes fez-se presente. Mais pela parte do Comercial do que da Votuporanguense pois a não execução da pressão na saída de bola e marcação média-baixa deram o tom dos visitantes. O time da casa era uma pressão mais alta porém com última linha mais baixa guardando os espaços. Mesmo precisando de uma vitória para ter uma vantagem no segundo jogo, poucas ações ofensivas foi vista por parte da Votuporanguense e quase que nenhuma do Comercial já que todos os espaços eram anulados. Por isso, o 0x0 se deu. 

Já no segundo tempo, sem substituições, o Votuporanguense veio de forma diferente com a bola: usou o 4-3-3 pois precisava de uma resposta ofensiva para fazer um gol. De resto, ambos os times mantiveram suas plataformas. Contudo, a diferença no segundo tempo, foi uma ocupação de espaços melhor dos mandantes no ataque e uma desorganização das duas linhas de quatro dos visitantes. Essa mudança no ataque, de forma mais posicional da Votuporanguense, fez gerar espaços na defesa do Comercial que não conseguia compor suas linhas: a primeira linha era facilmente quebrada e a última linha ficava exposta, fazendo com o que seus defensores tivesses que ir na marcação por encaixes e assim deixando espaços vazios e superioridade numérica para a Votuporanguense. Isso gerou uma série de espaços pelos lados com triangulações e finalizações e cruzamentos bem perigosos ao gol do Comercial. Contudo, o gol não veio assim. Veio de uma bola parada, jogada ensaiada no segundo pau e gol aos 83 minutos de jogo. Esse resultado de 1x0 era injusto até o momento, já que pela produção ofensiva, a Votuporanguense merecia um placar maior. 

Entretanto, o time que ela estava enfrentando era o time de melhor campanha na A3. E aos 91 minutos, nos acréscimos, na única jogava de perigo do time de Ribeirão Preto, o gol veio após rebatida do goleiro e finalização para o gol vazio. 

O resultado de 1x1 teve as seguintes morais do jogo: Ficou barato para o Comercial, pois pela produção ofensiva do segundo tempo da Votuporanguense, o placar deveria ser maior; O empate é uma derrota para a Votuporanguense que precisará de uma vitória no segundo jogo; Respira o futebol do interior pelo grande espetáculo.