De trinta anos
para cá, vários aspectos econômicos-políticos e socioculturais desdobraram-se
devido à uma nova ordem econômica dominante em gerir o mercado interno e
externo. O nome disso é Globalização e suas consequências, sobretudo sociais,
mudaram as formas de pensar, agir e sentir o mundo. Não obstante, os esportes
se contextualizam nessa nova onda e passam a representar vivências/experiências
obtidas no mundo globalizado.
Como parte
desse mundo, um mundo de espetáculos e de entretenimento global, um esporte ou,
por assim dizer, uma liga se destaca: a NBA. Abrindo seu portifólio, sua força,
seu empoderamento e sua destreza, a NBA possui um alcance global concedendo
direitos televisivos a meios de comunicação estrangeiros, patrocínios além da
marca das franquias, e principalmente por permitir e contratar atletas de
outras nacionalidades.
Assim,
abre-se, para os atletas de basquete, o melhor mercado possível para a prática
desse esporte em alto rendimento. E com a inserção de alguns atletas
brasileiros na NBA (na temporada 2015/16 são dez ao todo) uma questão vem à
tona: os constantes pedidos de dispensa dos jogadores brasileiros da NBA em
relação a seleção brasileira. É fato que o contexto da globalização
favorece/efervesce essa questão pela decadência dos sentimentos nacionais
acometidos pela inserção de valores socioculturais globais. Porém é necessário
distinguir a esfera privada/individual da esfera pública/coletiva para pensar
ou tomar partido desse assunto, bem como, deixar de lado pensamentos,
experiências e tradições de um contexto histórico diferente do que se vive
atualmente.
Então, sobre a
esfera privada/individual, ou seja, de quem pratica, constrói e investe nos atletas,
são favoráveis os argumentos da dispensa, pois toda a carreira dos mesmos foram
feitas com o mínimo suporte nacional, pensando na fraca política nacional de
desenvolvimento esportivo de alto rendimento; a prática da NBA é diferente de
todas as outras formas de jogar basquete no mundo, possuindo até mesmo regras
distintas da FIBA e um número cavalar de jogos por temporadas, ocasionando um
altíssimo esforço técnico e mental para se manter dentro desse ambiente; e
porque os atletas respondem a NBA e suas franquias pois são deles que advém
suas rendas e seus contratos e no mundo onde o dinheiro é o principal processo
civilizador, ou seja, o principal motivo das escolhas individuais, torna-se
difícil competir por uma seleção nacional onde o incentivo é a manutenção de um
sentimento e de um orgulho e não necessariamente o lucro.
Por outro
lado, o lado da esfera pública/coletiva, isto é, das instituições
regulamentadoras do basquete, a CBB e o COB, e de nós torcedores, há um
sentimento vazio quando deparamos nossa seleção sem os jogadores da NBA, já que
lá é considerado o melhor basquete. Sente-se também um ar de desprezo e egoísmo
por parte dos atletas em relação aos sentimentos nacionais/coletivos e por
“enfraquecer” a seleção, bem como, a não obtenção de resultados expressivos se
comparar ao passado do basquete brasileiro.
Portanto, a
consequência disso tudo é que há, sem dúvidas, a obsolescência de sentimentos
nacionais se basearmos no que estes sentimentos e suas instituições/seleções
eram no passado. Contudo há de se considerar os propósitos e interesses, que
hoje são muito mais particulares do que coletivos, de ambas as partes em
relação a participação ou não na seleção brasileira de basquete.
Quem perde
nessa disputa são os torcedores e principalmente o basquete nacional. E a
solução para isso seria um maior diálogo entre a CBB e a NBA e/ou os atletas e
a comissão técnica brasileira para que se evite julgamentos precipitados sobre
as dispensas.
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