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20/01/2022

Copa São Paulo de Futebol Junior 2022: Uma análise tática e futurista

Após a não edição em 2021, a Copinha voltou com público e suas mesmas peculiaridades ímpares. Confesso que foi um tanto crítico trabalhar nela com a presença de muita gente. Mesmo com o passaporte vacinal requerido, os protocolos de saúde não eram cumpridos por 90% dos presentes. Porém, me cabia me proteger da melhor forma. 

Nessa edição ao todo foram 21 partidas cobertas em 8 cidades sedes diferentes. As partidas foram desde a fase de grupos até as quartas de final passando por duelos tradicionais e duelos nunca antes acontecidos. Poderia facilmente listar pontos negativos e positivos dessa edição. No entanto, preferi desenvolver uma linha de raciocínio mais positiva e futurista sobre o comportamento de jogo, as ações e as estratégias. 

Quando falamos em mudanças estruturais complexas, elas se realizam de forma gradual em um período histórico em que os frutos se darão em décadas. Isso se deve pois estou me referindo a formação de capital humano no futebol brasileiro (tão criticado pós 7x1). Nesse sentido, a Copinha se revela como um dos, se não, o maior termômetro por onde o futebol masculino brasileiro se caminha. 

No sentido do jogo, a caminhada me revelou ser boa, positiva e com um futuro brilhante se a transição disso tudo ocorrer de forma satisfatória para o futebol profissional. Apesar de inúmeros times, observados por mim, tenham adotado a plataforma de jogo do 4-2-3-1 com e sem a bola, variações táticas, comportamentos táticos e o entendimento do jogo era bem perceptível em quase todos os times e partidas que trabalhei. 

Por exemplo, saídas de três, saídas sustentas, menos chutões e ligação direta, mais bolas invertidas, transição da defesa para o ataque feita de uma maneira veloz e intensa e o mais importante de tudo: ter um alinhamento tático sem tirar a beleza do jogo brasileiro. E é isso em que mais comemorei, além das observações em times que jogavam num 3-3-1-3 ou 4-5-1, numa variação de 4-4-2 quando ganhava mas mudava para o 4-2-3-1 quando perdia. 

Menos gritaria no banco e mais orientações no sentido de mudar ou alinhar o jogo foi observado nos bancos de reservas. E isso é um bom termômetro do como os profissionais de base (principalmente os treinadores) estão lidando com a formação do futebol. 

Me encantou muito os aspectos do jogo. Em especial, quero citar o estilo de jogo do Criciúma, Nova Iguaçu, Ferroviária, Santos, Mirassol, Bahia, Grêmio Novorizontino e o glorioso Chapadinha. 

O melhor jogo que eu trabalhei foi as quartas de final entre Mirassol x Santos. Um duelo tático digno de campeonato profissional. Marcação em bloco alto e em bloco baixo, perde pressiona, uma variação tática impossível de se ver rapidamente. Passes que quebravam linhas, mudanças de comportamentos afim de mudar o jogo (as alterações do Mirassol para o segundo tempo foi um exemplo disso) e é claro, a categoria técnica do nosso futebol. 

Muito feliz de poder ver esse progresso, pelo menos dentro do campo de jogo, do nosso futebol. 

Deu até um calorzinho no coração. 


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