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25/01/2019

Paulista A2 - 2019: Sertãozinho x Juventus

Estou curtindo demais escrever sobre os jogos dos times de interior de São Paulo. Muito por conta da falta de espaço que esses times possuem nos noticiários locais e mais ainda pela ausência ou quase ausência de informações sobre jogo em si: as estratégias, como se deu e etc. 

O segundo jogo analisado foi entre Sertãozinho e Juventus da Mooca. Assistir jogos em estádios para menos de 5 mil pessoas e localizados em cidades pequenas tem suas peculiaridades. A proximidade com o campo te faz ouvir sons que só quem pôde ter a experiência de jogar uma partida oficial tem. Além do mais, você percebe claramente quem são as pessoas que detém o poder naquela cidade, simplesmente por notar quem senta nas cadeiras cativas do estádio e a forma como eles se comportam nesse ambiente. 

Enfim, Sertãozinho vinha de uma derrota na primeira rodada e o Juventus de um empate. Novamente, nesses tipos de campeonato (e claro que em todo o mundo é assim também), quem é o time mandante tenta ditar o ritmo do jogo tendo mais posse de bola e quem é o time visitante recua, joga defensivamente e joga no contra-ataque (talvez será a análise que irei mais escrever aqui). O Sertãozinho no famoso 4-2-3-1 e o Juventus (que me surpreendeu) jogou no 5-4-1 sem a bola e no 3-4-3 com a bola (igual o Chelsea do Antonio Comte fazia). Nos primeiros 20 minutos do primeiro tempo, o jogo era totalmente tático. Era lindo de se ver. Era fantástico ver o Juventus marcar em 30 ou 35 metros com todos os seus jogadores e o Sertãozinho abrindo os dos laterais usando-os como alas (jogando na amplitude para espaçar a linha de 5 defensores do Juventus) e também usando a saída de 3 (um volante indo buscar a bola entre os dois zagueiros). Chances de infiltrações pelo meio e troca de passes pelos lados do campo, o Sertãozinho fez, porém a fortaleza do Juventus apareceu. E em dois contra ataques e pela não cobertura na segunda trave da defesa do Sertãozinho, o Juventus faz 2x0 no primeiro tempo. Culpa-se o goleiro do Sertãozinho, mas chutes a 2 ou 3 metros dele é mais culpa da cobertura defensiva do que qualquer falha em gesto técnico. 

Com 2x0 no primeiro tempo e jogando fora de casa fica muito fácil controlar o jogo no segundo tempo. O Juventus recuou ainda mais. Rebatia qualquer bola que ousasse chegar perto da sua grande área. Posse de bola para o Sertãozinho lá encima e ligaram o hidrante na forma de jogo de tanto chuveirinho na área que fizeram. Porque disso? Não havia criação do meio campo do Sertãozinho. Eram os dois volantes que iniciavam as jogadas e tentavam achar os espaços sem êxito. A alteração que o técnico do Sertãozinho fez foi muito bem pensada e muito boa, porém ela dependia da boa execução dos jogadores (e foi isso que não aconteceu). Ele tirou um lateral e colocou um meia e pôs um dos volantes para fazer a lateral para ter mais criação no meio campo. Não teve. Esse meia tinha que vir buscar a bola nos pés dos zagueiros. No último minuto, um gol de falta para o Sertãozinho. 

É muito bom ver times pequenos com a disciplina tática e a execução perfeita da proposta de jogo feita pelos jogadores do Juventus. Foi sensacional de ver os primeiros 20 minutos de jogo, a luta tática entre as duas equipes e etc. Isso pode nos fazer crer que há uma mudança sim no futebol brasileiro (apenas dentro do campo é claro). 

Resultado final: 2x1 Juventus. 

PS: O imediatismo não é particular dos times grandes e não há qualquer paciência de qualquer torcedor em relação à um trabalho de longo prazo.     

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