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07/07/2018

Copa 2018 - dia 20: Quartas de final 1

O único culpado da derrota e eliminação do Brasil chama-se: Bélgica e foi somente ela.  

JOGO 57 - URUGUAI 0 x 2 FRANÇA

- Curiosidades: 7 partidas entre as seleções: 2 vitórias do Uruguai, 4 empates e 1 vitória da França. Em Copas, três jogos: 1966 (2x1 Uruguai); 2002 (0x0) e 2010 (0x0).

- Esquemas: Uruguai: 4-4-2  /  França: 4-3-3



- Jogo: O Uruguai jogou num 4-4-2 transformado do seu modelo de jogo recorrente da Copa. Sem a bola foi um 4-4-2 num estilo triângulo (▲ ou um 4-3-1-2) abdicando das duas linhas de 4 e com a bola foi um 4-4-2 num estilo losango (◇) abdicando do seu 4-4-2 aberto. A França jogou no seu 4-3-3 com e sem a bola. Uruguai começou a realizar o jogo reativo (de contra ataque) e se atém ao perde-pressiona muito no seu campo ofensivo. A França tentava ocupar os espaços muito pelas triangulações, troca de passes rápida e velocidade. Em 20 minutos, 65% de posse de bola para a França com 4 finalizações erradas; 114 passes (89%); 7 cruzamentos com 2 certos. O Uruguai tinha 35% de posse de bola com 1 finalização errada; 47 passes (77%); 6 cruzamentos com 2 certos e 12 lançamentos com 7 certos. É o quinto jogo da França que ela mostra ter problemas para propor o jogo (principalmente quando Pogba não consegue criar), pois sua principal arma é a velocidade na transição do jogo ainda mais quando se joga contra uma defesa forte igual a do Uruguai. Gol da França: 1x0: Bola parada e bola alta: uma das armas para fazer gol no Uruguai. Segundo gol de bola parada tomado pelos uruguaios. Ao todo no primeiro tempo, foram 65% de posse de bola para a França, 5 finalizações com 1 certa e 1 gol; 223 passes (90%); 14 cruzamentos com 4 certos (mostra a falta de criação de jogadas); 7 desarmes certos; 10 lançamentos com 3 certos. O Uruguai tinha 35% de posse de bola, 6 finalizações com 3 certas; 107 passes (84%); 9 cruzamentos com 2 certos; 11 desarmes com 10 certos e 24 lançamentos com 11 certos. No segundo tempo, os dois times tiveram as mesmas propostas porém com o Uruguai tentando mais o ataque do que no primeiro tempo. Em 15 minutos, 63% de posse de bola para a França com 6 finalizações e 1 certa; 280 passes (88%); 19 cruzamentos com 4 certos; 17 lançamentos com 6 certos. O Uruguai tinha 37% de posse de bola com 8 finalizações e 3 certas; 138 passes (82%); 13 cruzamentos com 2 certos; 31 lançamentos com 13 certos. 2x0 França: desarme no campo defensivo, contra ataque de Pogba, finalização de Griezemann e falha de Muslera. 2x0 é muito duro para um time que se defende e usa o contra ataque: o uso de ligação direta ficou mais explícito, pois a França tinha 19 cruzamentos com 4 certos e 22 lançamentos com 8 certos e o Uruguai tinha 24 cruzamentos com 4 certos e 35 lançamentos com 14 certos. França coloca N'zonzi para aumentar a estatura do time e ganhar as bolas altas. Uruguai deixava mais espaços para o contra ataque da França e tendo N'zonzi no meio campo, deixava livre Mbappe e Griezemann (flutuando muito no jogo) pelos lados. França jogou melhor mas não tão melhor que o Uruguai que sem Cavani teve que mudar seu modelo de jogo usado na Copa. França peca ainda na pouca variabilidade ofensiva e na falta de construção de jogadas pelo meio. A França é forte. No final, 64% de posse de bola para a França, 10 finalizações com 2 certas e 2 gols; 436 passes (90%); 19 cruzamentos com 4 certos; 12 desarmes com 12 certos; 32 lançamentos com 13 certos. O Uruguai teve 36% de posse de bola, 10 finalizações com 3 certas (mesmo número da França); 203 passes (81%); 31 cruzamentos com 4 certos (isso mesmo: 31 cruzamentos); 21 desarmes com 19 certos e 47 lançamentos com 20 certos.

- Destaque: Griezemann (flutuando no jogo com uma assistência e um gol).

JOGO 58 - BRASIL 1 x 2 BÉLGICA

- Curiosidades: 4 partidas entre as seleções: 3 vitórias do Brasil e 1 vitória da Bélgica. Em Copas: um jogo em 2002 (2x0 Brasil). 2º gol contra do Brasil na história das Copas. 

- Esquemas: Brasil: 4-1-4-1  /  Bélgica: 4-3-3.



- Jogo: A noite anterior ao jogo foi de sono tranquilo, suave, de boa. Achei estranho. No jogo contra a Suíça, Costa Rica, Sérvia e México as noites foram mal dormidas, cheias de ansiedade e certa preocupação. Essa não foi. Não sei porque o confronto era de duas equipes iguais, de grandíssima força e etc. Estava tranquilo, fiz as crendices que só a Copa do Mundo me permite fazer e o coração batendo forte só veio quando vi o hino nacional brasileiro ser cantado a capela no estádio. Eu avisava a galera antes da Copa que a Bélgica ia vir, ia fazer estrago e era uma surpresa (pelo seu histórico em Copas). Escutei muita gente desdenhando, fazendo programações para a terça e etc. Escutava com alarde e falava: "Ei, pera ai. Tem a Bélgica sexta". O retruco: " Você não acredita no Brasil?". "Claro que sim e torço, mas antes das semi tem a Bélgica e ela é forte". Quis acreditar quem quis. E a soberba brasileira parece não ter mudado depois do 7x1. Do outro lado tinha um adversário, um oponente forte, de melhor ataque nessa Copa, detentor da melhor campanha da primeira fase. Como já citei Guardiola aqui, ganharia a Copa quem tivesse o técnico mais corajoso. Tite era um deles mas Roberto Martínez também. Sai a escalação e a bola cantada por poucos jornalistas se confirmou: Entradas de Felaini e Chadli para as saídas de Mertens e Carrasco. A Bélgica manteria sua formação? Não!!!! Abdicaram do seu 5-3-2 sem a bola para jogar num 4-3-3 e mantiveram o 3-4-3 com a bola, porém trocando de posições com De Bruyne pelo Felaini. Era plausível crer que a seleção brasileira estivesse preparado para esse tipo de formação (lembrando que essa escalação foi a que virou o jogo contra o Japão: deu maior consistência defensiva e maior poder de ataque pois liberava De Bruyne para o abate). Mas a seleção não estava. Jogando num 4-3-3 com Hazard e Lukaku nas pontas e De Bruyne no meio, a Bélgica fez marcação alta no Brasil e realizava o perde pressiona no campo ofensivo tendo esses três atacantes numa mobilidade grande para confundir a defesa brasileira (De Bruyne jogou como um falso 9 de verdade). Com a bola, a Bélgica jogava apenas nas laterais brasileiras aproveitando ao máximo nosso maior ponto fraco e conseguia jogar por ali. Bola de Thiago Silva na trave poderia mudar os rumos mas não mudou. O que mudou foi a falha e o grande espaço gerado pelo Brasil (quando jogavam pelos lados, a Bélgica atraia a defesa brasileira para um lado e deixava a frente do gol exposta) para que Felaini finalizasse e gerasse o escanteio do gol contra de Fernandinho (logo ele que substituía nosso jogador que mais nos fez sentir falta: Casemiro). Gol de Copa do Mundo, gol que destrói lares, destrói mentes, destrói trabalhos. A partir dai, jogando no 4-1-4-1 com e sem a bola e continuando a não entender o jogo da Bélgica, o Brasil mesmo chegando cedia ainda mais espaços, deixando De Bruyne totalmente livre (coisa que os Deuses das Copas do Mundo não iriam deixar barato). Em 20 minutos, tínhamos mais posse de bola (61%) com 4 finalizações e 2 certas; 99 passes (95%); 9 cruzamentos com 3 certos e apenas 1 lançamento errado. A Bélgica tinha 39% de posse de bola com 4 finalizações erradas (o gol contra não conta como finalização); 78 passes (93%); 2 cruzamentos errados e 5 lançamentos com 3 certos. Aos 30 minutos, mesmo tendo mais volumes de ações do jogo, a Bélgica faz 2x0: contra ataque de Lukaku, falha do coletivo defensivo brasileiro (em não fazer falta em Lukaku e deixar De Bruyne livre - coisa que já havia acontecendo), finalização absurda e certeira de De Bruyne (a bola vai na bochecha da rede). Ahhh esses 2x0...deu uma desesperança e um sentimento amargo doido. Mas o Brasil não jogava, era surpreendido pela Bélgica, tomava um nó tático de Martinez. Depois dos 2x0, Tite muda a forma do Brasil de marcar: passa a usar o esquema igual quando travamos o México: o 4-4-2 com Neymar e Jesus a frente. Deu certo deu, paramos de sofrer na defesa mesmo gerando espaços quando as bolas vinham pelos lados com o 1 contra 1 de Fagner x Hazard e Lukaku x Miranda. Ao todo no primeiro tempo, foi 60% de posse de bola para o Brasil, com 9 finalizações e 4 certas; 268 passes (95%); 20 cruzamentos com 4 certos e 3 lançamentos com 1 certo. A Bélgica teve 40% de posse de bola, 7 finalizações com 3 certas; 205 passes (93%); 6 cruzamentos com 1 certo e 16 lançamentos com 10 certos (a maioria para as laterais do campo, para Lukaku ou Hazard prenderem a bola, chamar a defesa brasileira e gerar espaços para o contra ataque. No segundo tempo, para melhorar o time, Tite troca Willian por Firmino e põe Jesus na posição de Willian mantendo o 4-4-2. A Bélgica mantém sua proposta mas agora claramente apenas na busca por contra ataques. Brasil ficou mais ofensivo, controlava melhor o jogo e chegava com mais perigo ao gol da Bélgica. Vale salientar o pênalti que não foi marcado em Jesus e ai a velha teoria da conspiração sobre a retaliação política da CONMENBOL e da FIFA para com a CBF pelo voto em Marrocos para a sede da Copa de 2026. Jesus sai para entrar Douglas Costas (ahh se tivesse inteiro todo o mundial) e o Brasil melhora significativamente muito por sua velocidade, dibres e viradas de jogo para Marcelo (jogando agora num 3-2-5 igual a Alemanha, mas deixando Fagner com os zagueiros para parar Hazard). Brasil finalizava mas a bola não entrava. Finalizava de várias formas mas parecia que os Deuses das Copas não quisessem que o dia fosse nosso (chutes de Coutinho, Renato Augusto, infiltrações de Neymar, cruzamentos de Marcelo e Douglas Costas e etc). Paulinho sai para entrar Renato Augusto e em 5 minutos duas finalizações que poderiam empatar (1 gol com mais uma assistência de Coutinho e uma finalização para fora). O gol foi tarde, aos 30 minutos do segundo tempo (se fosse no começo do segundo tempo ou no final do primeiro já valia alguma coisa). Após o 2x1 e umas mudanças, a Bélgica se defendeu com uma linha de 5 jogando no 5-3-2 compactado numa faixa de 10 metros). Mesmo assim, finalizávamos e finalizávamos e Courtois fechava tudo inclusive aquela bola de Neymar com a mão trocada (e quem é goleiro sabe a dificuldade de defender com a mão trocada ainda mais numa Copa no último minuto). Ao todo, foram 63% de posse de bola para o Brasil com 27 finalizações e 9 certas e 1 gol (Courtois fez 6 defesas e esse número de finalização é o maior de uma seleção em uma partida nessa Copa); 463 passes (93%); 31 cruzamentos com 6 certos e apenas 6 lançamentos com 3 certos e 15 desarmes com 14 certos. A Bélgica teve 37% de posse de bola, 9 finalizações com 3 certas; 295  passes (89%); 7 cruzamentos com 1 certo; 40 lançamentos com 22 certos e 20 desarmes com 17 certos. O que o Brasil tinha que fazer, fez. Furaram o bloqueio Belga algumas vezes mais a bola não entrou porque Courtois não deixou e também porque não era o dia. Jogamos, tivemos desempenho mas o resultado não veio. Perdemos um jogaço, perdemos um jogo bem jogado, perdemos um jogo mental, perdemos um jogo tático, principalmente no primeiro tempo, perdemos para um ótimo time, perdemos para o melhor time da Copa. A Bélgica jogou demais até os 30 minutos do primeiro tempo (2x0). O Brasil não viu a bola até ai (história que poderia mudar se a bola de T. Silva entrasse e o gol contra não existisse mas a imprevisibilidade do jogo não permitiu). Jogamos o que podíamos e jogamos bem. De 26 jogos apenas a segunda derrota de Tite. Puta de um jogo de Felaini, Kompany, Courtois, De Bruyne, Witsel e de Roberto Martínez (foi o melhor jogo da história da seleção belga). Essa geração belga é boa sim e há de se respeitar. Estamos fora mas essa derrota tem que ser a menos doída pois foi pelo futebol, pelo jogo, pelo destino. Faz parte e vamos nessa. A derrota é difícil e não tem como aprender com ela. Sempre irá machucar. E se resguardar fortemente e não demonstrar nenhum sentimento é de uma cretinice doida. Chore, fique puto, ande de cabeça baixa, sinta a dor, a desesperança, a frustração. Esses momentos são para isso e só quem sabe o significado do esporte, quem sente o jogo e quem ama o futebol irá entender. O resto, faz churrasco, toma cerveja artesanal, estoura pipoca, pinta o rosto. Os verdadeiros irão dormir, se dormir, porque estou aqui as 03:15 da manhã e só consegui escrever agora. Acordar será difícil mas as lutas continuam. Como diz Chorão: Dias de lutas, dias de glória. 

PS 1: Das últimas 4 eliminações do Brasil o primeiro gol foi de bola parada.

PS 2: O primeiro gol da Bélgica aconteceu no minuto 13 = mesmo minuto do primeiro gol da Alemanha no 7x1.

PS 3: Tirando as edições que o Brasil foi campeão e as edições de 1930, 1934, 1966 e 1986: todos os times que eliminaram o Brasil foram para a final da Copa.

PS 4: Parem de tentar achar culpados pela eliminação. O maior culpado, no caso, a maior culpada se chama Bélgica e por favor não confunda o caráter dos jogadores com o desempenho dentro de campo. 

PS 5: A primeira coisa que deve ser feito é renovar com Tite até 2022. Ter um trabalho de 6 anos credencia mais ainda o Brasil para um título mundial. E acredite: houve evolução do campo de futebol para dentro dele. 

- Destaques: De Bruyne: Courtois; Felaini (nunca o vi jogar tão bem quanto hoje); Roberto Martínez. 

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