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10/07/2018

Copa 2018 - dia 22: Semifinal - França x Bélgica

O Futebol é o esporte em que a meritocracia não entra no baile. Venceu o forte e pragmático e não o forte e bonito.

JOGO 61: FRANÇA 1 x 0 BÉLGICA

- Curiosidades: 73 partidas entre as seleções: 30 vitórias da Bélgica, 24 vitórias da França e 19 empates. Dois jogos em Copas: 1938 (3x1 França); 1986 (4x2 França). Bélgica foi até sua melhor campanha em 1986 (nas semi e terminou em quarto lugar). A França faz sua terceira final em 20 anos (fato esse que só aconteceu com o Brasil duas vezes: 1950-1970; 1994-2002; A Alemanha duas vezes: 1954-1974; 1982-2002. E a Argentina: 1978-1990).

- Esquemas: França: 4-3-3  /  Bélgica: 3-5-2;



- Jogo: A França repetiu seu jogo no 4-3-3 sem e com a bola muito bem definido e sólido desde o seu primeiro jogo da Coa. A Bélgica mudou e ousou novamente: jogou no 4-2-3-1 sem a bola e no 3-5-2 com a bola (tendo Hazard e Lukaku como atacantes e De Bruyne, marcado individualmente por Kante e na dobra por Matuidi, livre e flutuando no meio campo). Em 22 minutos, Bélgica tinha 61% de posse de bola com 3 finalizações com 2 certas; 156 passes (96%); 10 cruzamentos com nenhum certo; 8 lançamentos com 4 certos. A França tinha 39% de posse de bola com 2 finalizações e 1 certa; 92 passes (92%); 4 cruzamentos com 2 certos; 6 lançamentos com 3 certos. Bélgica era melhor até essa altura do jogo, criava mais e não deixava a França jogar. Porém, ter a bola contra a França era perigoso: dava a chance do contra ataque e de uma jogada em velocidade caso houvesse espaços na transição da Bélgica ou com um desarme certo feito. De Bruyne quebrava a marcação da França com sua flutuação (Kante e Matuidi não conseguiam pará-lo). Após os 30 minutos (mesmo período do jogo contra o Brasil), a França tinha achado seu jogo: desarmes e interceptações e aproveitava os passes errados da Bélgica (eram 11 de 201) para sair em Velocidade. Jogo era muito tático, muito estratégico. No final do primeiro tempo, a França igualou o jogo, soube marcar e bloquear as ações ofensivas. Ao todo, 57% de posse de bola para a Bélgica com 3 finalizações com 2 certas; 270 passes (95%); 13 cruzamentos com 1 certo; 5 desarmes certos; 11 lançamentos com 5 certos. A França tinha 43% de posse de bola com 8 finalizações com 2 certas; 164 passes (92%); 12 cruzamentos com 4 certos; 5 desarmes com 4 certos e 11 lançamentos com 7 certos. No segundo tempo, a Bélgica muda a posição de jogadores do ataque: no 3-5-2 agora quem ficava no ataque era Felaini e Lukaku (duas torres para o jogo aéreo e para fazer o jogo um contra um. 1x0 França: Escanteio, bola parada e Umtiti para o gol. Depois do go, com a entrada de Mertens, a Bélgica volta para o seu 3-4-3 da primeira fase (com Felaini, Lukaku e Mertens a frente); Em 20 minutos, 57% de posse de bola para a Bélgica com 6 finalizações com 2 certas; 390 passes (95%); 21 cruzamentos com 3 certos; 13 desarmes com 11 certos e 17 lançamentos com 7 certos. A França tinha 43% de posse de bola com 12 finalizações, 3 certas e 1 gol; 233 passes (93%); 14 cruzamentos com 5 certos; 9 desarmes com 8 certos e 17 lançamentos com 7 certos. A França cozinhou o jogo, se fechou e obrigou a Bélgica a usar os lados, não deixando ter infiltrações (que era o jogo que a Bélgica tinha que jogar e não abusar dos cruzamentos). Felaini sai e entra Carrasco: Bélgica abdica da bola alta e tenta a profundidade e a verticalidade. Coma entrada de Nzonzi e Tolisso a França faz duas linhas de 4 de começa a marcar num 4-4-2 e usa demais o contra ataque, tanto é que quase abre a vantagem em pelo menos duas ou três vezes. Ao todo, A Bélgica teve 59% de posse de bola com 8 finalizações com 3 certas; 547 passes (95%); 31 cruzamentos com 3 certos; 19 desarmes com 17 certos; 21 lançamentos com 8 certos. A França teve 41% de posse de bola com 16 finalizações com 5 certas e 1 gol (o dobro de finalizações da Bélgica); 280 passes (93%); 15 cruzamentos com 6 certos e 12 desarmes com 11 certos e 30 lançamentos com 12 certos. Vence a França, vence o time forte e mais sólido e pragmático. Fica o melhor time da Copa: um time forte, corajoso e mais brilhoso do que a França. Engana-se ver os números e achar que a França foi melhor. No detalhe foi, mas na bola rolando a Bélgica jogou melhor. No mesmo minuto 30 do primeiro tempo, a França mudou o jogo como o Brasil mudou. A GRANDE diferença foi que a França não tomou gol (merecia mas não tomou), já o Brasil tomou 2. Futebol é ingrato, é injusto, é cretino e não é meritocrático quando se olha no futebol bem jogado. A França mereceu ganhar? Para mim, não. Merecia um empate. Mesmo assim, a França é forte, é solida. Futebol não é só resultado, ou só tática ou só números. É alma, mentalidade, coração, é política, é história. A Bélgica ainda pode superar seu melhor resultado (quarto lugar em 1986 quando perdeu da própria França), mas vai para a casa tendo na bagagem o seu melhor jogo jogado: contra o Brasil. É triste e raivoso para quem queria ver o melhor futebol e o mais encantador ganhar. E o futebol nos priva disso rapidinho.

- Destaques: Para mim, Griezemann (mais uma assistência e passes para contra ataques) e Umtiti (pelo gol da classificação para a final).

PS: Deschamps (técnico da França) está a 6 anos no cargo e possui fracassos (Copa 2014 e Eurocopa 2016): mesmo assim, continuou e pode entrar para a história. Fica a dica para nós mudarmos a nossa mentalidade em torcer para a seleção (e principalmente nos clubes) e começar a acreditar que um trabalho a longo tem maiores chances de dar melhores resultados do que trabalho a curto prazo. #FicaTite. 

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