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20/01/2023

Paulista A1 2023: Botafogo x Palmeiras

Pelo profissionalismo do trabalho, decidi ir como imprensa na partida entre Botafogo de Ribeirão Preto contra o Palmeiras. Estádio lotado ainda me causa certa aflição pelos resquícios da pandemia ainda. Porém, ver duas torcidas, estádio quase dividido e um embate delas com cânticos me fez relembrar da razão por amar esportes. 

Entretanto, havia um motivo muito mais particular para estar presente nessa partida do que propriamente o resultado dela em si: ver Abel Ferreira. Pode parecer prepotência e arrogância de minha parte porém, eu precisava fazer isso por mim. Provavelmente, ele nunca saberá de mim e nem me conhecerá e por isso não consegue ter a dimensão do que fez por mim nos meus piores momentos da depressão. 

Deixando o pessoal de lado, eis aqui minha análise da partida:

A prepotência e arrogância me parece estar do lado da imprensa que cobre os times grandes apenas (essa não será a única crítica ao jornalismo esportivo). Desconsiderar os avanços que certos times do interior de São Paulo vêm fazendo nos últimos anos é, sobretudo, desvalorizar uma peça importante do futebol brasileiro. Já adianto aqui que o Botafogo não jogou melhor e mereceu vencer o Palmeiras porque eles estão treinando desde o dia 19 de novembro. Jogaram o que jogaram hoje porque há um projeto de futebol bem sucedido (acesso à Serie B do Brasileiro) com uma forma de jogar bem sólida nas mãos do Paulo Baier.

O Botafogo jogou no seu clássico 3-4-3 com a bola (usando a saída de três com três zagueiros) e 5-4-1 bem compacto sem a bola. Já o Palmeiras jogou na forma como o Abel montou o time de 2022: ora um 4-4-2 ora um 4-2-3-1 sem a bola e um 3-2-5 com a bola (pelo meu entendimento, talvez eu esteja errado). 

A dinâmica da partida foi simples de entender: Botafogo compactado, usando do jogo físico para quebrar as ofensividades do Palmeiras e fazendo, na sua linha de 4 defensores no meio, uma marcação por encaixes enquanto a linha de 5 era o ônibus estacionado. No ataque, o Botafogo apostou na marcação em bloco baixo para uma tentativa de recuperação e virar uma transição ofensiva com uma altíssima velocidade. E isso resultou nas chances criadas principalmente pelos espaços deixados por Piquerez. Isso foi o jogo inteiro. 

Já o Palmeiras, tinha uma proposta de jogo pela manutenção de bola (que foi totalmente anulada pelos mandantes), jogar na amplitude para alargar a linha de 5 defensores e gerar espaços (porém, a falta de jogo entre linhas brecou essa ofensividade) e por fim, usar e abusar de lançamentos, cruzamentos e viradas de jogo (por ser começo de temporada, houve falta de precisão na técnica desses fundamentos). 

O azar do Botafogo foi ter enfrentado Weverton e Gomez como defensores. Eles seguraram tudo o que chegou no gol. 

A sorte do Palmeiras foi por ter jogadores que decidem quando podem: e a recuperação de bola no campo ofensivo de Veiga e sua finalização de fora da área fez o um a zero no placar. 

Ao final da partida, com o credenciamento de imprensa, participei da coletiva de ambos os técnicos. Confesso que a emoção por dentro cantava dentro de mim mas a esperança de segurar o microfone e fazer uma pergunta para o Abel era maior. Infelizmente, minha timidez e falta de iniciativa fez com que eu não conseguisse pedir a palavra. Além do mais, a rapidez com que ele concedeu a entrevista para voltar rápido a São Paulo e a monopolização do microfone para quem detém os direitos de transmissão e para quem tem "trânsito" na profissão, fizeram com o que eu não pudesse, de forma alguma, ter algum contato. E nisso fica mais uma crítica, pois em sua coletiva, a única pergunta que de fato poderia render alguma análise sobre foi "como repor no time uma peça tão importante como Danilo foi". De fato, Danilo fez falta hoje pela sua construção de jogo e o Abel até o cita como um Playmaker (o criador de jogadas). De resto, tudo baboseira e proselitismo principalmente em perguntas como se ele assumiria a seleção (foi nessa pergunta que a minha poderia ter sido feita).

Por falar nisso, ela seria uma dúvida sobre o posicionamento do time com a bola: se na minha análise, estaria correto dizer que o time do Palmeiras jogava num 4-2-3-1 em bloco baixo e no 3-2-5 em bloco alto. Ficarei sem a resposta e com esse eterno questionamento. Abel saiu da sala da mesma forma como entrou: mais rápido que Rony em suas correrias para recuperar uma bola. 

Após a saída de Abel, das cinco câmeras profissionais que contei, todas saíram. A imprensa detentora dos direitos televisivos para a Tv fechada também saiu e ficaram apenas a imprensa local para a coletiva de Paulo Baier. 

O clima na sua entrevista era de contentamento pelo rendimento do time e frustração por não ter saído com um empate pelo menos. Foram 6 grandes chances criadas mas preciso dizer novamente: pararam em Weverton e Gomez. As perguntas para o técnico do Botafogo foram mais no sentido do que levar de positivo da partida, o quão frustrante foi a derrota e reforços que não jogaram ainda por conta de lesões. 

Diferente da entrevista do Abel, nessa eu criei coragem e pedi o microfone. Minha pergunta foi se além da transição ofensiva em velocidade, se o espaços gerados pelo lado do Piquerez e consequentemente a ocupação deles foi a outra estratégia do time. Paulo respondeu que sim, já que Marcos Rocha fica como um terceiro zagueiro e Piquerez vira um ala no esquema do 3-2-5 de Abel. Com isso, confirma-se a minha análise que deu o caminho para os ataques do time de Ribeirão. 

Por fim, não criei nenhuma expectativa por fotos ou autógrafos de Abel Ferreira. A única coisa que gostaria era de vê-lo. Ver quem me salvou, ver quem de fato foi a luz no fim do túnel e estar há 3 ou quatro metros dele já foi mais do que suficiente. 

PS: o cara é bonito mesmo.  

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